Edulcorantes Artificiais (Adoçantes): Devemos usar ou não?
Vistos como alternativas ao clássico açúcar contido em inúmeras bebidas comerciais, estas substâncias continuam a dividir a população e inclusive a comunidade científica. Vários estudos de revisão recentes apontam os adoçantes como seguros e sem efeitos secundários de relevo, dentro das doses estabelecidas como aceitáveis. No entanto existem dados conflituais. A utilidade destas substâncias prende-se com a necessidade de reduzir os açúcares adicionados reduzindo o conteúdo energético diário e sua utilização poderá ser de maior utilidade no tratamento da Obesidade e Diabetes Mellitus tipo II. Existem inúmeros adoçantes no mercado, pelo que citamos alguns exemplos.
Nome | Calorias/grama de produto | Ingestão Diária Aceitável | Doçura/Sweetness |
Sacarina | 0 kcal/g | 0-5 mg/kg peso corporal | 300x mais que a sucrose |
Aspartame | 4 kcal/g | 0-50 mg/kg peso corporal | 200x mais que a sucrose |
Acessulfame K | 0 Kcal | 0-15 mg/kg peso corporal | 200x mais que a sucrose |
Sucrose | 4 kcal/g | 0-5 mg/kg de peso corporal | 1 (Referência) |
Sucralose | 0 Kcal | 0-5 mg/kg peso corporal | 600x mais que a sucrose |
Tagatose | 1,5 Kcal/g | 0-75 mg/kg de peso corporal | Igual à sucrose |
Stevia | 0 Kcal | 0-4 mg/kg de peso corporal | 250x mais que a sucrose |
Ciclamato de Sódio | 0 Kcal/g | 0-11mg/kg peso corporal | 30-50x mais que a sucrose |
Xylitol | 2, | Não Especificada | Igual à Sucrose |
Sorbitol | 2,6 kcal/g | Não Especificada | 200x mais que a sucrose |
A título de exemplo, a Stevia/Glicosídeos de Steviol, que nos últimos anos têm ganho um pouco mais de relevo no panorama nutricional alegando ser “natural”, não parece, para já, diferenciar-se dos demais. Este edulcorante parece não se associar com doenças metabólicas, não incrementar a resposta glicémica e nem contribuir para as cáries dentárias tal como grande parte dos restantes adoçantes. Na minha opinião, a atitude mais inteligente será controlar a dose e eventualmente variar o tipo de adoçante para não estar continuamente exposto ao mesmo. Neste aspeto, saber ler os rótulos é, também, uma habilidade fundamental. Fique consciente das alegações nutricionais que os alimentos poderão conter e os seus significados de acordo com o teor de açúcares: “Baixo Teor de Açúcares” - Produto com conteúdo não superior a 5g de açúcares por cada 100g para os alimentos sólidos ou de 2,5g de açúcares por 100ml para os alimentos líquidos. “Sem Açúcares” – Produto com conteúdo não superior a 0,5g de açúcares por cada 100g ou 100 ml. Esta denominação existe em algumas bolachas (maria, integral, etc…), biscoitos, doces, gelatinas e até rebuçados, por exemplo. “Sem adição de Açúcares” - Produto não contém quaisquer monossacáridos ou dissacáridos adicionados, nem qualquer outro alimento utilizado pelas suas propriedades edulcorantes. Caso os açúcares estejam naturalmente presentes no alimento, o rótulo deve também ostentar a seguinte indicação: «CONTÉM AÇÚCARES NATURALMENTE PRESENTES» como é o caso dos sumos de frutas concentrados e compotas, por exemplo. “Light” (no caso dos açúcares) – O produto possui uma redução de pelo menos 30% do teor de açúcares relativamente ao produto original. Sumos de fruta, bebidas de cereais, tisanas, barras de cereais, doces e refrigerantes, são alguns exemplos. Para uma informação mais detalhada sobre rotulagem alimentar sugerimos que consulte o seguinte link: http://www.apn.org.pt/documentos/ebooks/Ebook_Rotulagem.pdf
Referências:
- Academy of Nutrition and Dietetics.2012. Position of the Academy of Nutrition and Dietetics: Use of Nutritive and Nonnutritive Sweeteners. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics. 112:739-758;
- Chattopadhyay, S., Raychaudhuri, U. e Chakraborty, R. 2011. Artificial sweeteners – a review. Journal of Food Sciences and Technology. 51 (4): 612-621;
- Marinovich, M., Galli, C., Bosetti, C., Gallus, S. e La Vecchia, C. 2015. Aspartame, low-calorie sweeteners and disease: Regulatory safety and epidemiological issues. Food and Chemical Toxicology 60: 109–115;
- Shankar, P., Ahuja, S. e Sriram, K. 2013. Non-nutritive sweeteners: Review and update. Nutrition 11-12: 1293-1299;
- Wiebe, N, Padwal, R., Field, C., Marks, S., Jacobs, R. e Tonelli, M. 2011. A systematic review on the effect of sweeteners on glycemic response and clinically relevant outcomes. Biomed Central Medicine. 9:123;
- Evaluation of the joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA). Disponível em: http://apps.who.int/food-additives-contaminants-jecfa-database/search.aspx .
- Regulamento (CE) 1924/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho de 20 de Dezembro de 2006 relativo às alegações Nutricionais e de Saúde sobre os alimentos. Disponível em: http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex:32006R1924