“Detox da Alma”
Com os meses de calor, a maioria das pessoas pensa nas mil umas formas de manter-se em forma e saudável. Nestes últimos anos, a palavra “detox” tem surgido nos meios de comunicação e publicidade como um modo de desintoxicação do corpo dos radicais livres e das toxinas, retardando os processos inflamatórios que geram doenças degenerativas e crónicas, bem como o envelhecimento.
Mas com esta tendência de sumos e batidos, suplementos, tratamentos estéticos e de atividade física, já pensou como seria fazer um “detox” à sua mente, emoções, pensamentos, vida. Um “detox” à sua alma? Estaria, de facto, disposto/a a purificar a alma? Atualmente, o nosso quotidiano é um persistente desafio, sobretudo quando o tema principal é o equilíbrio. Vivemos na era da globalidade voltada para o individualismo, competitividade, consumismo, onde tudo é descartável. Travamos constantes lutas de egos, inquirindo e criticando a vida que levamos e a vida que realmente necessitamos de desfrutar. Desta forma, há momentos em que precisamos de parar e avaliar a nossa qualidade de vida, dado que todas as nossas experiências, aquilo que ouvimos, lemos, sentimos e pensamos acumulam-se como toxinas, que contaminam os nossos hábitos diários. A grande maioria das vezes, a nossa “alma” dá sinais de que necessita de tranquilidade para desintoxicar emoções ou circunstâncias negativas que são ignoradas. Quando não conseguimos realizar a “limpeza geral da alma” e reestabelecer “energias curativas”, carregamos dia após dia e ano após ano “lixo psicológico”. É fundamental criar como prioridade a nossa tranquilidade e paz, com o objetivo de aprender a harmonizar a nossa mente em busca do nosso bem-estar e felicidade. Para que tal aconteça, é necessária uma autodisciplina intransigente, um desapego ao passado e às referências pessoais. Do mesmo modo que temos de ter a força de vontade para a manutenção de uma dieta alimentar saudável, o mesmo vale para a qualidade de emoções e ações que ingerimos diariamente. Isto não significa que temos de controlar todos os conteúdos tóxicos, muito pelo contrário, temos sim de reconhecê-los, interiorizá-los e categorizá-los de outra perspetiva. Somos seres capazes de carregar e suportar mágoas, ressentimentos, frustrações e desilusões. Vamos higienizar o inútil, diariamente, da mesma forma que higienizamos o nosso corpo, para nos sentirmos leves e com paz de espirito. Porque, afinal de contas, a cura não acontece só de fora para dentro, mas sobretudo de dentro para fora, pois a saúde e o bem-estar são resultados de uma harmonia entre corpo, mente e “alma”.