Chocolate Negro: Afinal (ainda) não é um Superalimento!
Afinal, o que tem de especial o chocolate negro? O chocolate negro, tal como vários frutos e hortícolas, possui um conjunto de substâncias vegetais designadasPolifenóis, entre os quais osflavonóides. Estas substâncias atuam como potentes antioxidantese têm surgido associadas à prevenção de várias doenças como Diabetes, Alzheimer, Parkinson e Hipertensão Arterial. O que precisamos de saber sobre o Chocolate Negro?
- O chocolate negro é um produto feito à base de cacau e com manteiga de cacau, ao invés da manteiga de leite, daí a sua elevada concentração de cacau.
- Estima-se que pelo menos 90% dos flavonóides sejam destruídos durante o processo de manufatura após a colheita. Dentro do processo de fabrico, as fases em que existe maior perda são aquelas que conferem o aroma e reduzem a amargura que caracterizam o chocolate (no caso, a fermentação e a secagem).
- A quantidade de cacau incluída na preparação do chocolate confere-lhe o seu sabor amargo, pelo que, é de esperar que o chocolate mais rico do ponto de vista nutricional seja, também, o menos saboroso.
- Embora as metodologias de preparação dos produtos à base de cacau estejam a evoluir no sentido de preservar a quantidade de Polifenóis do cacau sem negligenciar o sabor, estas ainda não estão disponíveis comercialmente (e especula-se que, a estarem, serão substancialmente mais caras).
Quais os seus reais benefícios?
- O chocolate negro com maior quantidade de polifenóis tem tendência a apresentar melhorias terapêuticas com mais frequência. Mas, provavelmente, a quantidade de chocolate negro comercial para atingir tais recomendações seria absurdamente elevada.
- A possibilidade de os flavonóides do chocolate negro poderem melhorar o prognóstico da Diabetes Mellitus tipo 2 é descrita em algumas revisões.Destaca-se a regulação da absorção dos hidratos de carbono ao nível intestinal, a proteção das células beta pancreáticas e o aumento da secreção da insulina, a redução do estado inflamatório, a redução do perfil lipídico e o aumento da sensibilidade periférica à insulina. Recentemente foram realizados ensaios clínicos com melhorias clínicas relevantes no controlo glicémico, redução da resistência à insulina, pressão arterial e função endotelial. No entanto, os estudos com melhores resultados utilizaram versões de chocolate enriquecidas em polifenóis (que poderão passar os 900mg por dose) e não os chocolates disponíveis comercialmente.
- Benefícios ao nível da pressão arterial.
- Benefícios na prevenção da Doença de Alzheimer, Parkinson, Obesidade, Inflamação Intestinal.
Convém salientar que os estudos/ensaios clínicos são de curta duração sendo difícil definir, a longo prazo, a manutenção dos benefícios ou potenciais efeitos prejudiciais. Convém lembrar que os chocolates, ainda que negros, são energeticamente densos e com uma quantidade elevada de açúcares simples,o que pode contribuir para um balanço energético positivo e naturalmente para a instalação da obesidade, resistência à insulina e diabetes mellitus, precisamente, o efeito oposto. Como se isto tudo já não bastasse,é por muitas vezes difícil (para não dizer irreal) atribuir a um único alimento os louros da melhoria clínica. Na verdade, o conjunto de alimentos que comemos com regularidade e que constituem o nosso padrão alimentar é que, de facto, pode sustentar melhorias do estado geral de saúde aliados à prática regular de actividade física. Assim, se precisa de uma “desculpa” para comer chocolate negro, lamentamos, mas não a encontrará neste artigo, a não ser que conheça a origem do cacau, o seu processo de preparação e a quantidade de flavonóides contidos (partindo do pressuposto que será muito elevada, em pouca quantidade de chocolate). Esperamos, no entanto, mudar de opinião num futuro próximo. A parte boa é que, partindo do pressuposto que ao longo do dia não consome mais energia do que a que gasta, poderá, em quantidade reduzida, incluir o chocolate negro neste prisma de balanço energético equilibrado, sem culpa. Quanto a recomendações, a Academy of Nutrition and Dietetics (Academia de Nutrição e Dietética) recomenda o chocolate com mais de 60% de cacau, em porção pequena, naturalmente.