Ano novo, vida nova?
E quando o balanço do ano velho é negativo? E quando sentimos que o ano novo é apenas uma continuação do ano anterior e que os desejos que nós pedimos são uma repetição daqueles que pedimos da última vez? E quando, subitamente, achamos que o otimismo associado à passagem do ano é uma mera miragem, uma forma criada pelo ser humano para que, pelo menos uma vez por ano, se possa pensar em nós próprios, de forma quase obrigatória, e nos questionamos sobre quando se perdeu a naturalidade das coisas? Onde está o verdadeiro sentir? Subitamente paramos e momentaneamente sentimos que deixamos de fazer sentido e que temos que esperar mais um ano para sentir uma nova esperança, ainda que aparente e curta, mas libertadora, bem ali naquele momento. Na verdade, devemos, em vários momentos da nossa vida, relembrar o que queremos, olhar para o nosso caminho e perceber se continua a ser o caminho certo, olhar para dentro e olhar para fora, várias vezes, porque cada minuto que passa corresponde a uma pequena transformação dentro de nós. Não devemos ter medo de mudar o que é para ser mudado, porque o que precisa de ser mudado ou flui e acontece de forma natural, ou resistimos e mudamos à força e com mais dor associada. Se não vemos nenhuma saída, devemos procurar ajuda. A nossa fragilidade deixa a nossa consciência nublada e quem está de fora dessa fragilidade consegue, de outra forma e mais rapidamente, limpar as nuvens da nossa consciência, organizar o sótão da nossa mente e, dessa forma, proporcionar que novas respostas surjam dentro de nós. Podem, inclusive, ajudar a perceber as nossas capacidades, as quais achávamos que não existiam, e, com isso, conseguimos uma nova atitude perante nós e, consequentemente, perante a vida! Esta nova atitude da qual falo pode passar, por exemplo, por deixarmos de esperar pela próxima passagem de ano para voltar a acreditar que a nossa vida pode ser diferente e mais próxima do que desejamos. E passarmos a acreditar que isso pode acontecer dia após dia. Na realidade, nós vamos mudando e muitas das vezes não nos damos conta disso, simplesmente porque nos esquecemos de nós próprios, porque não nos olhamos, não nos damos simplesmente a devida atenção. E não se esqueçam que, por vezes, os nossos sonhos podem estar mesmo ao nosso lado à espera de os agarrarmos. Só precisamos que alguém nos ajude a encontrar o caminho. Se sente que não encontra o seu caminho, conte connosco. Inês Sampaio | Psicóloga Clínica